sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Paulo Freire > Leituras do mundo



“É preciso (...) que o formando, desde o princípio de sua experiência formadora, assumindo-se com sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. (A Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários a prática docente)




Poucos brasileiros foram tão marcantes para a cultura mundial quanto Paulo Freire. Referência nacional que ganhou o mundo em virtude de sua obra incisiva, renovadora e verdadeiramente revolucionária, o educador pernambucano atravessou os sete mares e fez o percurso inverso de Colombo, Cabral e companhia limitada. Levou para a Europa e para os demais continentes uma contribuição original e necessária para a renovação dos saberes pedagógicos.



Homem assumidamente de hábitos simples e visão otimista da vida, nascido em 21 de Setembro de 1921, no Recife, desde sua iniciação no mundo da educação teve um contato muito próximo e relevante para a sua produção com a realidade dos pobres e humildes. Isso seria fundamental para que sua obra pudesse atingir a envergadura a que chegou.



Suas leituras do mundo o conduziram a uma clara percepção das desigualdades existentes em nosso país e em outras regiões do planeta assim como a compreensão de que a educação teria que ser repensada e refundada se tivesse a real intenção de se mostrar transformadora e efetiva na superação das injustiças sociais que vislumbrava ao seu redor.



Das convicções surgidas na labuta diária como professor, que passou por praticamente todos os níveis de trabalho existentes nesse segmento profissional, foram sendo criados textos que resultaram em livros que atualmente possuem tradução em várias línguas e que são objeto de estudo em diversas instituições de pesquisa e universidades interessadas em educação.



Obras como Pedagogia do Oprimido, Educação como Prática da Liberdade, A Importância do Ato de Ler, Pedagogia da Autonomia, Ação Cultural para a Liberdade, Educação e Mudança, Aprendendo com a própria Historia, entre outras, levaram adiante a retórica dialética e fenomenológica de Paulo Freire e serviram como voz e bandeira para povos que se sentiam oprimidos e relegados ao esquecimento e ao abandono.



A periferia do capitalismo parecia ter adquirido clara consciência da desigualdade e de como modelos importados não resolveriam seus problemas numa área crucial para seu desenvolvimento como a educação. Falar em crescimento sem que sejam feitos os devidos investimentos e aperfeiçoamentos nas escolas não combina nem mesmo com a mais vil e rasteira ideologia neoliberal.



O que Freire e depois dele tantos outros educadores perceberam é que estava na hora de levantar a cabeça, conversar olho no olho, superar qualquer constrangimento ou embaraço relativo à pobreza de nossos povos, adotar uma postura de altivez e reformular a tradicional forma de ensinar que apenas reproduzia conteúdos e não legava instrumentos reais para o exercício pleno da liberdade.




Passados alguns anos de seu desaparecimento, Paulo Freire continua vivo através de sua obra. Seus livros servem de inspiração para congressos, debates, colóquios e novos estudos universitários. Novas edições são relançadas no mercado editorial e estudadas provando a atualidade de seus pensamentos e colocações. Seus posicionamentos continuam a despertar polêmica e promover discussões.



Nesse ínterim assistimos o surgimento e aperfeiçoamento da rede mundial de computadores que foi ganhando corpo e se estendendo aos quatro cantos do mundo. Pela Internet as pessoas querem saber mais a respeito de tudo e as obras clássicas acabam se tornando elemento essencial para o estudo e aperfeiçoamento em toda e qualquer área do conhecimento. Com a educação não poderia ser diferente.



Fonte: Instituto Paulo Freire