segunda-feira, 22 de junho de 2009

Gentileza que gera gentileza

O Profeta
A gentileza sempre nos soou como um sentimento leve, despojado e generoso. Assim também era José Datrino, o homem que renunciou à materialidade para se tornar o professor do amor, da compaixão e da beleza de espírito. Era ele o Profeta Gentileza.

José Datrino se tornou o Profeta Gentileza após a tragédia do Gran Circus Americano, em Niterói (RJ), em dezembro de 1961. Ele ofereceu consolo e solidariedade aos parentes das vítimas e, após isso, começou a andar pelo País espalhando sua pregação de desprendimento ao mundo material e valorização do sentimento gentil.

Entretanto, foi o Rio de Janeiro que recebeu as maiores contribuições de Gentileza. O homem de túnica branca, cabelos e barba longas, tão alvas quanto a pureza de sua alma, era visto freqüentemente na estação das Barcas, na Central do Brasil e na Rodoviária, locais de altíssima concentração de pessoas.

E foi no portão de entrada da cidade que Gentileza deixou o seu legado. Em 56 pilastras que sustentam o Elevado do Gasômetro, o Profeta eternizou sua mensagem de amor, respeito e crítica social.

Gentileza faleceria em 1996 em Mirandópolis (SP), sua cidade natal. Porém, a palavra e obra do Profeta ficam para sempre. É isto que a campanha Gentileza Gera Gentileza quer preservar. E, para isso, contamos com você!

Saiba mais sobre o Profeta Gentileza:
http://www.gentileza.net/

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cildo Meireles > Arte ऐ Educação

O artista que há 30 anos incendiou galinhas, escreveu “Yankees, go home” em garrafas de Coca-Cola, carimbou notas de um cruzeiro com a frase “Quem matou Herzog?” e depois se mandou para Nova York ganha uma exposição retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Trata-se de Cildo Meireles, carioca, 52 anos, o homem que com apenas um carimbo de borracha e uma nota de dinheiro cria uma obra.

Meireles sabia que em 1975 ninguém rasgaria dinheiro para extinguir a dúvida da real causa da morte do jornalista Wladimir Herzog. Oficialmente, ele teria se suicidado na cadeia. Mas é claro que o artista e boa parte dos brasileiros não acreditaram na história. Essa verdadeira ojeriza aos meios de circulação oficial, seja de informações ou de valores, sempre moveu a obra de Meireles. E a sua trajetória também.

Quando foi incluído no Olimpo da arte brasileira, em 1969, recebendo o primeiro prêmio do Salão da Bússula, no MAM-Rio, mudou-se para Nova York com o pretexto de iniciar uma carreira internacional. Fez uma exposição, mas logo depois Meireles fez questão de sumir. “Não fiz nenhum contato de trabalho lá, estava numa fase ‘rimbaudiana’. Comecei a trabalhar com um jamaicano numa fábrica de objetos de decoração”, diz.

Seis meses depois, o artista aproveitou a bicicleta com que passeava pela cidade para mudar de emprego. Virou entregador. “Gostava do que fazia.” O tempo livre ele preenchia com visitas ao MoMA. “Tinha uma carteirinha que me permitia entrar de graça no museu e dava 50% de desconto na livraria.”

Voltando ao Rio, em 1973, quis continuar fazendo a mesma coisa. “Mas o medo de morrer atropelado falou mais alto”, diz Meireles. Voltou aos desenhos e à pesquisa, acrescentando a uma obra já contundente novas formas de questionamento político. Em Zero Cruzeiro e Zero Dollar (1977), substituiu as efígies de heróis nacionais por índios e internos de instituições psiquiátricas. Os índios foram-lhe sempre “familiares”. O pai de Meireles era indigenista, razão pela qual morou no Pará até os 10 anos, antes de se mudar para Brasília.

O que se vê no MAM é uma seleção de obras feita originalmente para o New Museum of Contemporary Art de Nova York, merecedora de resenhas para lá de elogiosas nas revistas New Yorker e Time Out no começo do ano. É a maior retrospectiva dedicada a Meireles, que continua andando de bicicleta, agora em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio.

Cildo Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Iniciou seu aprendizado em 1963, com o pintor peruano Félise Berranechea, em Brasília. Em 1966 efetuava a sua primeira individual de desenhos, no Museu de Arte Moderna da Bahia. Em 1969, participou (MAM/RJ) com obras experimentais e ritualísticas.

Durante a exposição do Corpo à Terra, organizada por Frederico de Morais, em Belo Horizonte, o artista efetuou uma queima de galinhas com realização estética. Viveu entre 1971 e 1973 em Nova Iorque. Expôs em 1973, em São Paulo, suas Inserções em Circuitos Ideológicos e Inserções em Circuitos Antropológicos.

Meireles sabia que em 1975 ninguém rasgaria dinheiro para extinguir a dúvida da real causa da morte do jornalista Wladimir Herzog. Oficialmente, ele teria se suicidado na cadeia. Mas é claro que o artista e boa parte dos brasileiros não acreditaram na história. Essa verdadeira ojeriza aos meios de circulação oficial, seja de informações ou de valores, sempre moveu a obra de Meireles. E a sua trajetória também.

Quando foi incluído no Olimpo da arte brasileira, em 1969, recebendo o primeiro prêmio do Salão da Bússula, no MAM-Rio, mudou-se para Nova York com o pretexto de iniciar uma carreira internacional. Fez uma exposição, mas logo depois Meireles fez questão de sumir. “Não fiz nenhum contato de trabalho lá, estava numa fase ‘rimbaudiana’. Comecei a trabalhar com um jamaicano numa fábrica de objetos de decoração”, diz.

Seis meses depois, o artista aproveitou a bicicleta com que passeava pela cidade para mudar de emprego. Virou entregador. “Gostava do que fazia.” O tempo livre ele preenchia com visitas ao MoMA. “Tinha uma carteirinha que me permitia entrar de graça no museu e dava 50% de desconto na livraria.”

Voltando ao Rio, em 1973, quis continuar fazendo a mesma coisa. “Mas o medo de morrer atropelado falou mais alto”, diz Meireles. Voltou aos desenhos e à pesquisa, acrescentando a uma obra já contundente novas formas de questionamento político. Em Zero Cruzeiro e Zero Dollar (1977), substituiu as efígies de heróis nacionais por índios e internos de instituições psiquiátricas. Os índios foram-lhe sempre “familiares”. O pai de Meireles era indigenista, razão pela qual morou no Pará até os 10 anos, antes de se mudar para Brasília.

Portanto, durante os anos 70 e 80 Cildo Meireles arquitetou uma série de trabalhos que faziam uma severa crítica à ditadura militar. Obras como Tiradentes: totem monumento ao preso político ou Introdução a uma nova crítica, que consiste em uma tenda sob a qual se encontra uma cadeira comum forrada com pontas de prego, são alguns trabalhos de cunho político do artista. Neles a questão política sempre vem acompanhada da investigação da linguagem. Inserções em circuito ideológico: Projeto Coca Cola, por exemplo, consistiu em escrever, sobre uma garrafa de Coca Cola, um dos símbolos mais eminentes do imperialismo norte-americano, a frase Yankees go home, para, posteriormente, devolvê-la à circulação. Além da questão política o projeto faz referência a toda problematização desenvolvida pelos movimentos de vanguarda e por Marcel Duchamp no início do século; uma espécie de ready made às avessas.

Cildo Meireles é um experimentalista e o seu dinamismo se passa no plano da criação verbal cotidiana.

Fonte:Revista ISTO É Gente

domingo, 7 de junho de 2009

A segunda abolição por Cristovam Buarque


"A erradicação da pobreza é o primeiro dos desafios de nossa geração, como há 100 anos atrás, uma outra geração aboliu a escravidão e proclamou a Repùblica."


Cristovan Buarque em seu livro “A Segunda Abolição” fez uma maciça critica sobre a “qualidade” de vida da sociedade brasileira de como vemos e levamos esta nação marcada pelas diferenças. O que me levou a uma profunda analise, sendo fisgada pelas suas palavras de pedido de socorro o que me fez fazer das suas palavras as minhas, porém com minhas interpretações.

Passados todos estes anos, nós, juntos, não fizemos o Brasil melhor e agravamos o quadro de pobreza, nos fizemos mais desiguais, menos soberanos, mais estagnados, mais descontentes. Não completamos nossa democracia, não erradicamos a pobreza, pioramos a qualidade de vida, agravamos nossa pouca soberania; não estamos crescendo economicamente e fomos ridículos defensores do que há de menos humanistas nos foros internacionais em busca de um novo modelo civilizatório.

Nos últimos anos entregamos à integração mundial ingressando na globalização sem proteger nossa soberania, sem manter os valores fundamentais de nossa identidade. Neste século, e durante o período em que nossa geração foi responsável pela escolha dos presidentes, continuamos construindo um desenvolvimento desigual que aumenta, ao mesmo tempo a riqueza de alguns e a pobreza de muitos.

O Brasil hoje é campeão mundial de desigualdade pela renda, pela religião, pela falta de educação, de sobra de doenças endêmicas, de abandono de nossas crianças, e violência de jovens infratores, de adultos pobres lutando pela sobrevivência e de muitas cidades dominadas pelo medo e pelo caos.

A erradicação da pobreza é o primeiro dos desafios de nossa geração, como há 100 anos atrás, uma outra geração aboliu a escravidão e proclamou a República. E deixou tudo o mais para que gerações futuras fizessem e não o fizemos. Gerações depois de gerações, o Brasil carregou decisões equivocadas a serviço das elites distantes do povo.

Não pretendendo abordar uma nova construção de uma nova nação brasileira, apenas de como erradicar a pobreza que é a imediata exigência ética. A cada momento da história do país, surge um novo tipo de divisão inviabilizando a construção de uma nação de compatriotas incluindo no mesmo projeto de desenvolvimento, onde a elite jamais considerou nosso povo parte do mesmo conjunto de uma família nacional.

Neste século, o crescimento econômico concentrado para alguns já transformou a desigualdade em uma diferença como no começo entre portugueses e índios e entre os senhores e escravos, a diferença virou dessemelhança.

A erradicação da pobreza, exige um projeto de incorporação das grandes massas brasileiras nos benefícios de nosso potencial e nossa economia. O Brasil, desde seu primeiro momento preferiu importar as próprias necessidades. A luta pela pobreza tem que ser feita pela ótica social e não na ótica econômica.

Sem dúvida nós a MASSA devemos tomar o controle, mas precisamos nos unir para que isso aconteça.
No inicio da leitura podemos sentir um frio na barriga, e nos perguntar: É é esso o pais que chamamos de pátria?

Parece mais o retrato de um doente terminal, e é isso mesmo que temos. Um pais doente, doença transmitida por políticos viciados, utilizando-se de seus mandatos para exterminar de vez com nossa soberania. Devemos assumir o controle e comandar essa EMERGÊNCIA, cuidar desse doente pois é nossa a responsabilidade.

O nó na garganta é inevitável, mas devemos aprender a agir e não reagir. Nosso voto é nossa maior arma para mudar esse cenário de UTI.

Tatiana Waleska

Fonte:
http://falandonalata.wordpress.com
http://www.cristovam.com.br/
http://www.cristovam.org.br/